“Depois que descobri a
arte, esta cela transformou-se numa prisão”.
O que esperar de um filme interpretado
por prisioneiros da ala de segurança máxima de Rebibbia, nas cercanias de Roma.
Um belo filme, conduzido pelos irmãos
Paolo e Vittorio Taviani, mostra o ensaio de um grupo de teatro da prisão, para
peça Julio Caesar de Shakespeare, no grupo tem ladrões, traficantes, homens
envolvidos com a máfia.
Um grupo que não poderia dar nada, mas
o resultado é muito bom, o preso que interpreta Brutus - Salvatore Striano,
literalmente rouba a cena no filme, um dos pontos interessantes do filme é ser
filmado em sua grande parte em preto e branco, tendo o começo e o final a cores
e utilizar a própria prisão como cenário do mesmo.
A historia de cada um do grupo acaba
se misturando aos personagens, como também o dialeto de origem ao texto, o
diretor de teatro de Rebibbia, Fabio Cavalli, interpreta ele mesmo no filme ajuda
a compor todo esse mundo .
O Filme faturou entre outros premios
- Em 2012, vencedor do Urso de Ouro e do Prêmio Ecumênico do Júri no Festival de Berlim (Paolo Taviani e Vittorio Taviani)
- Em 2012, vencedor do David di Donatello Awards de Melhor Direção, Melhor Edição, Melhor Filme, Melhor Produtor e Melhor Som. Foi indicado também a Melhor Fotografia, Melhor Música e Melhor Roteiro
Os irmãos Taviani, ao
optarem pelo desvio, pelo que costumeiramente fica escondido, relegado às
sombras, ao optarem por filmar atrás das grades de um presídio, trazem à luz
delitos, crimes hediondos, sentimentos mesquinhos, as fraquezas humanas, mas
também sua grandeza e a possibilidade de se construir novos caminhos.
E então a gente se pergunta: O quanto a arte, o
teatro, o cinema, a pintura, a música, a fotografia, o artesanato poderiam
fazer pela população carcerária, por menores infratores? Estaríamos
contabilizando cada vez mais crimes, violência, pessoas encarceradas, se
tivéssemos políticas públicas mais voltadas para a educação e a cultura? E se
tivéssemos menos shopping centers e mais bibliotecas, museus, centros
culturais, cinemas, teatros, circos? Menos estacionamentos e mais praças e jardins?
Cinema como o feito por Paolo e Vittorio Taviani
nos fazem refletir sobre o que podemos fazer do lado de cá das grades para que
haja cada vez menos gente do lado de lá.